quarta-feira, 1 de junho de 2011

COM A LÁBIA DE UM ALDRABÃO

Pergunto, ao tempo que passa,


se há quem governe o País!...

E o tempo mostra a desgraça,

que o Governo desdiz!...



Pergunto aos "boys" que levam

a massa nas algibeiras

e os "boys" ao roubo se entregam

- levam tudo, sem maneiras!...



Roubam sonhos, geram mágoas!...

Ai pobre do meu País!

Mergulhado em turvas águas,

seu fim está por um triz!...



Quem o pobre Povo esfola,

pede meças a quem diz

que um País, que pede esmola,

continua a ser feliz!...



Pergunto à fome, que grassa,

por quem lhe roubou o pão.

- Logo os golpes de trapaça

dá como sendo a razão!...



Vi florir grandes fortunas,

com os montantes roubados,

sem terem, como oportunas,

punições para os culpados!...



E o tempo não muda nada!

Ninguém faz nada de novo!

Vejo a pátria acabrunhada,

com a cruz, que leva o Povo!



Vejo a Pátria na voragem

dos que andam a roubar,

cobertos p'la sacanagem

dos que dizem governar!..



Vejo gente a partir,

Em busca doutras paragens,

que lhe possam garantir

a vida, com outras margens!...



Há quem te queira enganada,

ó Pátria do desalento

e fale por ti, coitada!

Entregue estás a um jumento!...



E o tempo, em derrocada,

num ruído cacofónico,

vai aumentando a parada

de delírio histriónico!...



Ninguém faz nada de novo

e o dinheiro que vai fugindo!...

Nas mãos vazias do Povo,

fica a miséria florindo!...



E a noite torna-se densa,

de fantasmas e desdita!...

Peço notícias ao tempo

e ele só nos mortifica!...



Há sempre uma alcateia,

que agudiza a desgraça!

Há sempre alguém que semeia

injustiça e muita trapaça!...



Neste tempo de trapaça,

com personagens tão vis,

só mesmo com arruaça,

p'ra lhes partir o nariz!...



Mesmo na noite mais triste,

em tempo de podridão,

Sócrates ainda resiste,

com a lábia de aldrabão

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